quinta-feira, outubro 30, 2008

punidos por São Judas Tadeu

A união estável entre Flamengo e São Judas Tadeu sofreu um abalo. Parece que o Santo resolveu punir a equipe por antecipar (e mudar de local) em um dia as tradicionais preces a São Judas Tadeu. Tudo por causa da viagem para jogar na Bahia.
Como a maioria das pessoas, o Santo não gosta de ter seu "aniversário" antecipado.
Resultado: o Flamengo conseguiu as realizar o impossível, mas não da melhor maneira. A quantidade de gol perdidos foi incrível e o empate com o Vitória, na Bahia, impediu que o time encostasse no lider.
Ocupando a quinta colocação, a três pontos do líder e a seis rodadas do final do campeonato, o momento é de fazer as pazes com São Judas e pedir que ele faça plantão até o natal.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Dinheiro nasce em árvore

Ao contrario do que costumam apregoar, Dinheiro nasce, sim, em árvore. Porém, seu cultivo é muito difícil. Se em sua plantação tiver apenas árvores de Dinheiro, com certeza ele não vai crescer.

Dá trabalho, é preciso plantar muitas coisas em volta para que se obtenham frutos. Qualidade, Confiança, Perseverança, Esperança e Respeito são algumas das árvores que devem acompanhar as de Dinheiro.
As pessoas gostam muito do Dinheiro. Gostam tanto que começaram a procurar uma forma dele render mais do que normalmente renderia. Surgiu então uma espécie híbrida de Dinheiro, conhecida como Dinheiro Fácil. Apesar de parecer igualzinho ao Dinheiro de antes, o novo não possui os mesmos nutrientes e valores.
O Dinheiro Fácil pode ser plantado em sistemas de monocultura. E os frutos crescem rápido, às vezes no mesmo dia. Para isso, é preciso usar o agrotóxico Especulação, uma forma de fazer a terra acreditar que Dinheiro Fácil é fonte de nutrientes futuros.
O Dinheiro Fácil se transformou em uma erva daninha que todo mundo quer. Apesar de não ter sabor, causa dependência. Ao corpo humano, causa dificuldades de absorção de Honestidade, Comprometimento, Fidelidade e Caráter.
Quando muita gente planta do Dinheiro Fácil, a agricultura entra em crise, pois os outros cultivos ficam deficientes. A colheita do Dinheiro Fácil também é prejudicada. Os produtores deste fruto, agora portadores de doenças como Ganância e Desonestidade, tentam convencer o mundo a usar seu Dinheiro para financiar o Dinheiro Fácil.
A droga ainda não foi proibida. Quase não há clínicas de recuperação para viciados. O mundo clama pela proibição deste entorpecente.

quarta-feira, outubro 22, 2008

A vida é melhor ali?

O Metrô Rio praticamente "envelopou" suas estações (veja foto abaixo) para anunciar as "maravilhas" do Cartão Pré-Pago.
Avisam com letras garrafais que o cartão unitário tem validade de apenas dois dias além do da compra. E que o pré-pago tem validade ilimitada.
Nas entrelinhas: "se você insistir em usar o unitário será castigado! Além de enfrentar fila, sua passagem expira!".
Assim, no lugar de criarem campanhas de incentivos, como descontos, recarga automática, "viaje à vontade no final de semana", estabeleceram a união estável com seus passageiros/clientes/vítimas com base no que podemos chamar de marketing de punição, através de ameaças. O usuário que não quiser ser punido, usa o serviço novo.
Não inventaram um serviço vantajoso, apenas montaram uma armadilha para obrigar as pessoas a fugirem dela. Como se já não bastassem os trens superlotados que temos de enfentar todos os dias.

terça-feira, outubro 21, 2008

Entre o abismo e o precipício

O quadro desenhado para o segundo turno das eleições municipais do Rio de Janeiro se alinha muito bem à ironia-chave deste blog. Qual a posição de cada candidato? De que partido são? De que partido foram? Eleitores, partidos políticos e candidatos derrotados se vêem diante de um paradoxo difícil de ser compreendido.
De um lado, representando a base governista, Eduardo Paes com suas inúmeras trocas de partido – PV, PSDB, PFL, PTB, PFL de novo, PSDB e PMDB – e mudanças de comportamento. Se um dia ataca Lula, no outro é só elogios. Claro, não pode deixar de ter o apoio do presidente, dada sua imensa popularidade.
Do outro, aliado ao PSDB e ao DEM (antigo PFL), o candidato do PV (e da classe artística), Fernando Gabeira. A imagem romântica de militante contra a ditadura militar e defensor da descriminalização das drogas se confunde com a de um político das elites, fianciado pelo neoliberal Armínio Fraga.
O primeiro, com trajetória política de centro-direita, é representante da centro-esquerda, enquanto o segundo fez exatamente o caminho inverso, saindo da centro-esquerda para representar a centro-direita. Resumo da ópera: o eleitor de esquerda não se sente confiante para votar em Paes; o eleitor de direita, da mesma forma, não fica à vontade para votar em Gabeira. O mesmo pode ser dito das correntes políticas que, entre o abismo e o precipício, esperam a ordem que vem de cima para seguir um caminho.Os personagens do segundo turno carioca não têm papel definido. Num ambiente tão pasteurizado, cabe aos eleitores a difícil tarefa de diferenciar o que parece ser seis do que parece ser meia dúzia para votar com confiança de que está fazendo a escolha certa.